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A Presença negra no centro antigo de salvador: saberes, fazeres e ofícios 


O centro antigo da cidade de Salvador, destaca-­se historicamente pela presença negra em sua dinâmica cotidiana. É impossível entender o centro (e mesmo a presença nega nessa cidade) dissociado de determinadas práticas laborais exercidas nesse território, seja em um recorte temporal mais alongado, que remonte ao período colonial ­ tanto do trabalho escravo quanto do trabalho livre ­, seja na contemporaneidade, quando o trabalho informal ­ - e sobretudo o ambulante ­- compõe um conjunto de elementos e dinâmicas que caracterizam esse centro re­significado. Ao descrever a dinâmica da cidade colonial, Graham afirma: "tudo que corre, grita, trabalha, tudo que transporta e carrega é negro" (2013: 39). O branco considerava o trabalho manual aviltante e, ao lado da exploração agrícola, o senhor teve de criar, entre a escravaria, um corpo de artífices para a satisfação das suas necessidades: pedreiros, carpinteiros, ferreiros, oleiros, seleiros, colchoeiros, sapateiros, mecânicos (CARNEIRO, 1964:64). Foi a partir do labor que o negro se re­territorializou e ao mesmo tempo, foi construindo esse novo território de existência. Chama a atenção que mesmo diante de tantas ameaças, alterações e modificações na dinâmica econômica, produtiva, política, tecnológica e também da própria expansão da cidade, sobrevivam no centro antigo, ainda que precariamente, resquícios de tais práticas dominadas majoritariamente pelos trabalhadores negros, como é o caso dos Artífices da Ladeira da Conceição. Trazer para o visível essas presenças e práticas e tomá­s-la como protagonistas da investigação, passa por entender a urgência em se reconstruir epistemologicamente a academia e tensionar essa irresponsável minimização da relevância desses saberes, fazeres e ofícios nos estudos sobre a cidade - ­ hegemonicamente traçados a partir da perspectiva colonial, atualizada pela elite econômica e política nos séculos XX e XXI. É urgente nos debruçarmos sobre a relevância da presença negra no território urbano e a impossibilidade de dissociá-la do processo de produção da cidade.

Situação: em andamento
Natureza: Pesquisa (edital Permanecer - UFBA 2017/2018)
Integrantes: Profª Gabriela Leandro Pereira - Coordenadora/ Dr. André Araujo de Oliveira - Coordenador (Pesquisador Associado Lugar Comum)/ Alana Karolyne Santos (graduanda do Bacharelado Interdisciplinar em artes - UFBA)/ Esaú Santos Muniz Júnior (graduando do curso de Direito - UFBA)